Kód: 20074295
Um dos artistas da modelaç?o dos espaços e sua representaç?o, DonatoBramante, é aqui tratado como personagem central sobre quem gira ahistória da arquitectura do renascimento na Itália. Surgido com aqualidade de edificador em Mil? ... celý popis
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Um dos artistas da modelaç?o dos espaços e sua representaç?o, DonatoBramante, é aqui tratado como personagem central sobre quem gira ahistória da arquitectura do renascimento na Itália. Surgido com aqualidade de edificador em Mil?o no final do século XV, estearquitecto pintor absorveu as hesitaç?es do meio regional em que semoveu e as reflex?es especulativas de Leonardo da Vinci, paraacreditar num modo de fazer que constituiria a síntese para asuperaç?o da crise. Em Roma, sob patrocínio das poderosas instituiç?es religiosas, recuperou os símbolos finais da grandeza do velho império levantando os templos da era católica. Por isso Bramante foiconsiderado o representante do renascimento pleno, do momento daperfeiç?o que, como o instante que rapidamente se desvanece,representa o cúmulo da obra perfeita e logo se desequilibra napresunç?o de uma grandeza realmente ilusória. N?o se pode ler Bramante sem o Leonardo especulativo, inconstante, cujos apontamentos parecemconduzir as exploraç?es sobre a problemática do espaço central quefora a preocupaç?o de toda a primeira geraç?o de arquitectosflorentinos. A ordenaç?o equidistante das componentes organizadoras da funç?o religiosa e dos seus significados procura a imitaç?o dafórmula perfeita expressa no círculo do horizonte ou na esferaceleste, aceitando o quadrado circunscrito ou a cruz de braços iguaisinscrita como alternativa eficaz de aproximaç?o ao enunciadofundamental. O homem continua a aparecer como justificador das formascriadas, mas cada vez menos é o destinatário da arte, trocado pelaideia da grandeza do poder dos príncipes. A corrente humanista que otomava como pessoa merecedora da felicidade foi substituída peladesumanidade das estruturas gigantescas, embora correctamenteproporcionadas. Um outro tema é o da organizaç?o da praça pública,imitaç?o do forum romano antigo, que absorveu Bramante nos últimosanos da sua experi?ncia milanesa. A tradiç?o da vida pública noslugares centrais dos burgos mercantis tem raízes fundas na organizaç?o colectiva da vida das cidades, muito dependentes das estruturas deconsolidaç?o das relaç?es humanas. Galerias cobertas no envolvimentodos terreiros de mercado produzindo sombra e conforto ? porta daslojas dos mercadores fixos eram, e ainda s?o, normais e frequentes nas aglomeraç?es de toda a área mediterrânica, o que acontece desde amais remota antiguidade. A atitude de fazer reaparecer a importânciasimbólica do lugar central sob o modelo do antigo percorre todo oséculo XV na idiossincrasia dos seus artistas comprometidos com aspolíticas urbanas. Assim sucedeu com Bramante que, contraditoriamente? linha dominante da sua arquitectura monumental, procurou reencontrar no ordenamento dos espaços públicos o espírito humanista de umpassado recente. Resta a quest?o do fingimento. Os pintores, no âmbito da sua procura para a representaç?o verdadeira do espaço, semprerecorreram ?s figuraç?es de estruturas arquitectónicas paracaracterizar o ambiente das cenas que pretendiam resolver. Em geralusaram a imagem dos templos para dimensionar a realidade com cada vezmelhor verosimilhança das situaç?es pretendidas. Competindo aosartistas da produç?o da imagem pictórica plana simular a terceiradimens?o, n?o espanta que um espírito ágil e sensível como o do jovemDonato se tenha deixado seduzir pelas suas próprias qualidades e,invadindo o território das artes da produç?o concreta do espaço, tenha recorrido ? "doce perspectiva" para realizar o impossível. Era apenas mais um sintoma da crise do tempo, vencer cada dificuldade fingindoque ela n?o existe, ignorando a dura condiç?o do quotidiano.
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